Certas pessoas provocam vertigens em mim.
Tipo quando você escuta o despertador tocar e pensa que deveria ficar deitada mais um pouquinho, mas você se levanta, vai escovar os dentes e fecha os olhos porque ainda ta tonta, ou então pra pensar como tava bom lá, na cama. É essa a idéia, é essa a sensação, mas não é esse o auto-controle. Eu não consigo controlar as pessoas que me fazem querer sentir a necessidade de expressar o tempo todo as minhas coisas. Como se meus pensamentos tivessem que estar conectados com a minha boca, galopando feito um cavalo desenfreado, caso contrário eu nunca vou conseguir solidificar nada, porque eu vou continuar com medo, morrendo lentamente, desequilibrada, maldita, infantil e confusa.
Eu não consigo não falar dele aqui. Acho que pelo fato dele representar mesmo um desenho, um personagem, uma coisinha, tipo um máximo denominador comum lá dos cálculos de matemática, onde pra quem não tem nada, a metade é o dobro.
Eu não tenho esse calor alienígena e corrosivo que ele tem, e nem a alma felina com uma vontade abrasadora de ter um gato por perto, e porque também eu não sou tão sentimental como ele.
Eu poderia passar noites e noites em claro sem reclamar, mas algum corpo doente, alguma ausência de brisa, ou qualquer mulherzise ele vai inventar pra ficar falando até enjoar.
Desfaz cortesia, disfarça mal antipatia, qualquer notícia se distrai. Eu faço as constatações mais óbvias e ele é um espiral de questões e de exemplos infinitos pra dar. Sai por aí, bombardeando amor, passando só pelo que é sensível, e nem sempre sequer me olha. É incompatível com os fios, porque ele detesta cordas. Ele só gosta de peixinhos no mar, porque no aquário as estações são invertidas. E o que era pra ser adorno, simula tortura, simula prisão.
Ele é um teste, uma veia fina na hora da injeção, é a proibição de qualquer coisa que não me hipnotiza, é 756 pedrinhas no meu bolso competindo se eu caio no rio ou se eu atiro nos vidros. É o anjinho e o diabinho, haha. E eu que tantas vezes ouvi, e tantas vezes deixei repercutir: “nós somos certeiros. Somos muito parecidos. A lamparina e o cangaceiro. A lamparina do cangaceiro”. Mas as poucos a gente foi percebendo a falta de encaixe em muitas coisas. Ele constatou o equívoco: “somos o oposto”. A previsão foi amiga, porque eu notei que antônimos são raros e que raridade pode ser bonito. Só é complexo, mas é bonito se visto de modo que se completam.
Pra quem prefere dormir e acordar nos braços de um outro alguém =p